quinta-feira, 11 de abril de 2019

SOPA DE SONHOS - NOSTALGIA CARMESIM

Caminhando pela sopa de sonhos, Vulpes, a mulher-raposa, sentia o peso do vazio daquele espaço sem horizonte. Nada era como antes. Os sonhos realizados no passado não tinham mais sabor e ela não tinha mais para onde os carregar. Depois de muito vagar, sentiu o familiar cheiro do caminho da floresta, das árvores e das flores.

Para a sombria floresta a raposa voltou e por onde ela passava tudo tornava-se outono. As folhas acobreavam-se ao vento, como seus cabelos. A velha cabana na árvore convidava-a para entrar através do aroma de cerejas de uma esmaecida fumaça carmesim que saia pela chaminé.

Ela correu, subiu as escadas e abriu a porta ansiosa para encontrar a saudosa poção dos desejos. Entretanto, ao alcançar o caldeirão, percebeu que era tarde. A calda fervente transbordou pelo piso de madeira inundando-o e formando bolhas flutuantes. Tudo estava melado, o aroma tornou-se amargo, o doce tornou-se veneno. Todavia sobraram as bolhas que formavam-se, flutuavam e explodiam.

Neste curto período de existência das bolhas, Vulpes podia ver dentro delas as lembranças de seus sonhos realizados: os bailes que ela dançou.

As bolhas acabaram e não foram suficientes. Kathleen Reinard Vulpes precisava reencontrar-se, fazer as pazes com seus reflexos do passado, colar os cacos de sua memória. Só existia um único lugar onde ela poderia fazer isso: no seu templo esquecido.

Desceu da cabana deparando-se com o crepúsculo que vinha das colinas, onde ficava o lugar sagrado em ruínas. Em vez de embrenhar-se pela mata, preferiu subir pelo rochoso riacho de fluidos cristalinos e mansos até o lago raso que inundava o decadente templo cujo teto cedeu à cachoeira que vinha do alto da colina. Lá dentro estavam os estilhaços dos vitrais que outrora ilustravam os feitos da mulher-raposa, deles refletiam inúmeras facetas de seu ser.

Ela passou todo o entardecer montando aquele infindável quebra-cabeça, restaurando janela por janela. Quando terminou percebeu que a noite havia chegado. Os matizes avermelhados deram lugar ao brilho pálido da lua que trazia consigo uma velha amiga: Kitsune-san, a raposa prateada.

“Você perdeu toda a sua inspiração”, disse a donzela prateada enquanto passava pelos arcos e reflexos de vitrais reconstruídos até aproximar-se de Vulpes e abraçá-la. “Venha comigo. Vamos roubar uma”, reforçou então. “O monstro ainda está naquele castelo?”

Vulpes sabia que Kitsune-san referia-se à Biblioteca das Inspirações e que um dragão de cores infinitas guardava o local. Seria uma busca arriscada.


O que você faria no lugar de Vulpes?
Partiria para essa aventura? Sozinha ou com sua amiga?
Procuraria uma maneira diferente de encontrar sua inspiração?
Criaria um plano mirabolante antes de partir para o castelo? Qual?

Escreva nos comentários a sua decisão e acompanhe o blog para em breve descobrir se a sua ideia mudou o destino de Kathleen Reinard Vulpes.


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